No dia 10 de janeiro começa mais uma edição da Copa das Aldeias, campeonato de Free Fire realizado apenas com guildas de comunidades indígenas. Desta vez serão 144 equipes, de diferentes etnias, dos quatro cantos do Brasil, mostrando que não tem obstáculos para o mundo dos esports. A transmissão será feita, com exclusividade, pela Nimo TV, no canal www.nimo.tv/copadasaldeias.
A organização do campeonato é do caster e streamer Igor “Cai Por Terra”, que desde o ano passado, junto com Werá Alexandre, cineasta Guarani, atua com os indígenas para mostrar como os games podem transformar a vida dessas comunidades e quebrar paradigmas. Para essa nova temporada, o evento ganhou o reforço das gamers Emy Yoshino “Bruxinha” e Flávia Xakriabá, da etnia Xakriabá, em Minas Gerais.
“Em dezembro de 2020 fizemos a primeira edição da Copa das Aldeias e tínhamos apenas 48 guildas competindo. Durante as seletivas e todo campeonato, a procura por informações de uma nova oportunidade fez com que quase triplicássemos o número de equipes participantes”, comenta Cai por Terra.
A Copa das Aldeias 2ª Edição irá distribuir R$ 2 mil entre os cinco primeiros colocados e o MVP da competição. A disputa final acontece no dia 30 de janeiro, com “codiguinhos” para o público durante as lives, esses patrocinados pela Smile One.
“Será praticamente um mês inteiro de muita emoção e gameplays de alto nível, mostrando que esses meninos e meninas não estão para brincadeira e mesmo com todos os obstáculos tecnológicos que enfrentam, amassam os adversários”, comemora Luis Soares, gerente de Esports da Nimo TV. “Fora que toda a comunidade se mobiliza e torce mais do que em final de campeonato de futebol”, complementa.
Esta edição terá guildas das etnias Amondawa, AVA Guarani, Gavião Kyikatêjê, Gavião/PA, Guajajara, Guarani, Guarani Nhandewa, Javaé, Kaingang, Kaiowá, Kalapalo, Kanhgág, Karajá, Kayapó, Krikati, Manoki, Mbya Guarani, Nambikwara, Paresí, Paresí Haliti, Rikbaktsá, Terena, Tupi-guarani, Xakriabá, Xavante, Xikrin e Xokleng, contemplando as cinco macrorregiões do Brasil – Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul.
“Fazemos uma análise bem rígida das equipes e seus integrantes, pois queremos ter certeza de que todos os inscritos são de comunidades indígenas”, alerta a gamer Emy Yoshino “Bruxinha”, que é responsável por essa seleção.
Games e a Comunidade Indígena
Os games estão entre os principais meios de entretenimento no mundo. Só no Brasil são mais de 67 milhões de gamers, segundo pesquisa encomendada pela Brasil Game Show (BGS) em 2020. Já segundo dados da Pesquisa Game Brasil (PGB), os jogos mobile dominam o cenário, com 86,7% do público.
Nas comunidades indígenas, os jogos eletrônicos também estão ganhando espaço e têm mobilizado diferentes etnias Brasil afora. Superando barreiras tecnológicas, com poucos recursos físicos e conexão de internet, muitas vezes, precária, esses jovens mostram que não há obstáculos para o talento e todos estão aptos para uma boa partida.
O Free Fire é um dos principais jogos dentro das comunidades indígenas, que já organizavam competições entre eles, com transmissão ao vivo e narrador. E foi num desses eventos que Igor “Cai Por Terra” conheceu a “tropinha” indígena e viu um grande potencial nesses jogadores.
“Fui convidado para fazer a narração de um dos campeonatos e a partir daí não consegui mais ficar longe da comunidade. Só pensava que esses meninos e meninas precisavam ser vistos. Que era muito talento fora do grande circuito. Foi assim que surgiu a ideia de fazermos a Copa das Aldeias”, relata Cai Por Terra.
A primeira edição da Copa das Aldeias foi vencida pela DL DEIXALIKE, da etnia Kaingang, localizada no estado do Rio Grande do Sul, com os gamers DL MAXSWELL e DL NAUBERT, de 16 anos, DL DIEGO, de 14 anos, e DL YUGUI, de 17 anos. Já o MVP da competição foi $ VITINN, da guilda $ Dollares $, com 15 kills.
E não foram só os jovens que se motivaram com os games. Cai Por Terra conta que até os anciãos das comunidades foram conquistados pelo Free Fire e a Copa das Aldeias permitiu que eles conhecessem etnias que nunca tinham tido contato anteriormente. Cada partida reunia jovens e adultos em frente a uma tela para torcer por seus jogadores, com uma energia muito boa. “Essa conexão entre as gerações, entre as tradições indígenas e tecnologia criou algo muito maior e melhor. Ver esse resultado é emocionante.”
Os desafios vividos por esses jovens gamers nas comunidades indígenas começam com o preconceito e a dificuldade de acesso às tecnologias. A maioria não consegue comprar smartphones ou computadores e consoles de última geração, por isso, jogos como o Free Fire estão colaborando para popularizar os esports em todos os públicos.
“Estimulamos os games nas comunidades indígenas para trazer mais alegria e esperança. Além, é claro, de darmos visibilidade para a essa população diante de todo o empenho desses jovens para jogar, andando, muitas vezes, vários quilômetros para conseguirem uma conexão de internet boa”, conta Bruxinha.
Cai Por Terra complementa: “além dos estudos, todos os jogadores indígenas têm suas próprias tarefas em suas comunidades, por isso os horários de treino são flexíveis e acontecem entre as próprias equipes. A Copa das Aldeias transborda o competitivo fomentando a união, a colaboração e a confraternização entre os povos”.
Uma música para chamar de sua
Os games têm inspirado muitas canções pelo mundo a fora e com a Copa das Aldeias não poderia ser diferente. O rapper indígena Issac de Salú, da etnia Kiriri/Pataxó, está produzindo uma música especialmente para homenagear a competição e os atletas. O lançamento acontecerá durante a transmissão da final do torneio, no dia 30 de janeiro, às 19h, na Nimo TV.
Copa das Aldeias 2ª Edição
Para não perder nenhum “kill” desses “brabos” que vão competir esta segunda edição da Copa das Aldeias, confira abaixo a tabela de jogos. As transmissões serão feitas no canal da competição da Nimo TV – www.nimo.tv/copadasaldeias – e todas as informações estão disponíveis nas redes sociais do torneio – Facebook e Instagram.