Lançado no dia 24 de julho, Hotel Galactic é o mais novo projeto do estúdio polonês Ancient Forge Studio, conhecido por seu trabalho anterior em The Tenants. A proposta é ousada, misturar simulação de gerenciamento, exploração narrativa e estética de animação clássica japonesa em um jogo que se passa num hotel intergaláctico flutuante em ruínas, pronto para ser restaurado.
O jogo chegou inicialmente em Acesso Antecipado na Steam (PC), com promessas futuras de expansão para outras plataformas dependendo da recepção e evolução técnica. Até o momento, Hotel Galactic está disponível exclusivamente no PC, mas a desenvolvedora já deixou em aberto o interesse em portar o jogo para Mac, Steam Deck, e possivelmente consoles, como Nintendo Switch, PlayStation 5 e Xbox Series X|S, devido à sua estética e proposta cozy. Embora ainda esteja em fase inicial de desenvolvimento, a base instalada no PC já oferece uma ideia clara do que o jogo quer ser e onde ele pode chegar.
Graças a Assessoria de Imprensa da Ancient Forge Studio podemos jogar Hotel Galactic para PC. Esta gameplay pode ser vista ao final deste artigo.
Para quem não conhece o estilo cozy (em tradução livre – acolhedor), são jogos que enfatizam relaxamento, tranquilidade e experiências positivas, muitas vezes com foco em atividades como agricultura, artesanato, decoração e interações sociais com personagens amigáveis. Eles se afastam de elementos de competição e estresse comuns em outros gêneros, oferecendo um refúgio virtual para os jogadores. Alguns jogos cozy famosos, Stardew Valley, Spiritfarer (já teve análise deste jogo aqui no portal) e Animal Crossing: New Horizons.
Logo de cara, Hotel Galactic encanta com sua atmosfera, paisagens pintadas à mão, edifícios flutuantes e personagens com vida e emoção, como Tukyuk e Sparn, que rapidamente se tornam memoráveis graças às vozes cheias de personalidade e diálogos animados com fontes coloridas e trejeitos visuais Screen Hype. A trilha sonora, assinada por Zofia Dormaradzka (conhecida por trabalhos em títulos como Timberborn), combina perfeitamente com o clima sonhador do jogo, evocando nostalgia enquanto acalanta o jogador com leveza ambiental sonora.
O jogo apresenta um clima reminiscente de Howl’s Moving Castle ou Spiritfarer, com predomínio de tons pastéis e uma atmosfera contemplativa, reforçada por cenas como baleias celestiais cruzando o céu e jardins suspensos. Um dos grandes destaques, sem dúvida, a sua direção de arte. Inspirado fortemente pelos mundos oníricos dos filmes do Studio Ghibli. O hotel, localizado sobre uma ilha voadora em uma galáxia distante, é um espaço vivo que convida à contemplação. Cada elemento é desenhado com cuidado, desde os elevadores com design retrofuturista até os corredores decorados com tapeçarias cósmicas. As animações, mesmo simples, transmitem personalidade e calor, sendo um verdadeiro alívio visual para jogadores cansados de gráficos realistas e paletas esmaecidas.
O estilo artístico não serve apenas de pano de fundo, mas participa ativamente da imersão. Observar os trabalhadores alienígenas descansando após um dia duro, é parte da beleza cotidiana desse universo. A ambientação oferece uma sensação de acolhimento e admiração.
Com arte rica, não surpreende que a trilha sonora siga a mesma linha cuidadosa. A música de Hotel Galactic é melódica, suave e atmosférica, com toques de folk, sintetizadores ambientes e instrumentos acústicos flutuando entre os ambientes.
A trilha nunca é invasiva. Ela acompanha o ritmo da jogabilidade, ora mais dinâmica quando há mais visitantes e construções em andamento, ora mais contemplativa nos momentos de descanso ou narrativa. Sons ambientais, como o sussurro do vento entre os salões flutuantes ou o leve murmúrio dos NPCs, ajudam a criar uma imersão relaxante. Os efeitos sonoros também merecem menção: cada ação, como construir um quarto ou cozinhar uma refeição alienígena, tem sons distintos e agradáveis. A dublagem dos personagens principais, embora limitada, contribui para a construção de carisma e especialmente personagens como Tukyuk, o zelador veterano do hotel, e Sparn, o cozinheiro explosivo. Se o visual traz o encanto dos filmes Ghibli, a trilha sonora faz jus à trilha de Howl’s Moving Castle ou Laputa: Castle in the Sky. Em um mundo onde muitos simuladores abusam de loops repetitivos, Hotel Galactic oferece uma experiência sonora delicada e rica.
Em sua essência, Hotel Galactic é um simulador de gerenciamento de um hotel intergaláctico. O jogador atua como um espírito zelador auxiliando Gustav, o ex-gerente do hotel, agora uma alma penada, a reconstruir a hospedaria que foi arrasada por corporações gananciosas e maus investimentos.
A jogabilidade mistura, construção modular de quartos, cozinhas, banheiros e áreas comuns. Contratação e gerenciamento de trabalhadores alienígenas, produção de alimentos e serviços para hóspedes. Sistema de reputação e satisfação que afeta o fluxo de visitantes, pesquisa e desenvolvimento para desbloquear novas tecnologias, narrativa episódica, com capítulos e visitas VIPs. Os pontos positivos são a liberdade de construção e personalização é vasta. Jogadores criativos vão amar planejar o layout do hotel, decorar os ambientes, e escolher onde posicionar elevadores e quartos para maximizar a eficiência. Mas também tem os pontos negativos, como a microgestão excessiva pode cansar. Os NPCs não têm muita autonomia e o jogador precisa constantemente ordenar tarefas individuais. Algumas interações são repetitivas como decorar dezenas de quartos exige múltiplos cliques, cada um seguido de zoom in/out. E ainda faltam ferramentas de automação ou macros.
Além disso, como o jogo, por estar em Acesso Antecipado, sofre com bugs, lentidão em certas máquinas e falhas na IA dos trabalhadores, que às vezes travam ou não executam suas ordens.
Hotel Galactic não é um jogo perfeito, longe disso. Ainda em seu início de vida, ele apresenta falhas notáveis em termos de estabilidade, repetição e falta de polimento nas mecânicas de gestão. Contudo, há algo inegavelmente especial aqui, um coração pulsando sob as estrelas. Sua arte vibrante, sua trilha sonora relaxante e sua narrativa sobre reconstrução e esperança oferecem uma experiência diferente da maioria dos simuladores. Ele não quer apenas que você administre bem um hotel. Ele quer que você se importe com aquele hotel, com os personagens, com a história. É um convite à contemplação em meio à ação.
Para os fãs de jogos narrativos, visuais encantadores e construção criativa, o título já oferece muito. Para jogadores exigentes em sistemas otimizados, talvez o melhor seja aguardar mais atualizações. Mas há magia aqui, quando bem alimentada, costuma crescer. Se Hotel Galactic seguir sua promessa e evoluir tecnicamente, ele tem tudo para se tornar um clássico cult do gênero cozy management indie.
Confira a gameplay realizada pelo canal Com Noção de Hotel Galactic abaixo:
Hotel Galactic - PC
Nota Final
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Gráficos - 10/10
10/10
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Jogabilidade - 7/10
7/10
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História e Diversão - 9/10
9/10
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Áudio e Trilha Sonora - 9.5/10
9.5/10
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Hotel Galactic encanta com sua arte desenhada à mão inspirada no Studio Ghibli, trilha sonora suave e ambientação acolhedora. Oferece uma experiência de gerenciamento criativa, permitindo construir e personalizar um hotel flutuante em um universo alienígena. Ideal para quem busca um simulador com narrativa emocional e visual cativante.