Os esportes eletrônicos – os chamados e-Sports – devem crescer 15% este ano em relação a 2018, alcançando 450 milhões de potenciais atletas no mundo, prevê estudo feito pela agência de marketing esportivo Newzoo. A estimativa é de que o mercado de games movimente em torno de US$ 696 milhões (R$ 2,15 bilhões) em 2019.
Em busca da performance ideal, os atletas profissionais – chamados pro players – recorrem cada vez mais ao auxílio da Psicologia. E precisam mesmo de apoio. Eles chegam a ficar de 10 a 12 horas por dia em treinamento. Uma rotina cansativa que exige disciplina, pontuada por dois ou três grandes campeonatos durante o ano.
“As contribuições do psicólogo esportivo são diversas para esses esportistas e abrangem os campos emocionais e comportamentais dos atletas”, explica o professor Paulo Penha de Souza Filho, que ministra a disciplina “Dimensões Psicológicas do Esporte” no Centro Universitário Internacional Uninter.
No esforço para afastar a ansiedade – natural entre os praticantes de modalidades esportivas – são várias as ferramentas a que a Psicologia recorre nos períodos de preparação dos atletas para as disputas e durante as competições. “Antes de tudo, deve-se ter a compreensão da origem da emoção que gera a ansiedade. Para isso, é preciso analisar o perfil comportamental de cada atleta e encontrar as melhores ferramentas que permitirão superar essa situação”, afirma.
Equilíbrio é a chave para o controle emocional, lembra o professor. “É importante que haja uma periodização de treino e também preparação física adequada, alongamentos. Além disso, qualquer atleta precisa cuidar da alimentação para que o corpo conte com nutrientes suficientes para horas de concentração e foco. Atividades de socialização com amigos e família também são essenciais”, observa.
Todo esporte pode desencadear stress em seus atletas, nota o especialista. “Os e-Sports podem ter seu contexto em uma realidade virtual, mas seus jogadores possuem um desgaste emocional como em qualquer outra modalidade competitiva, além do desgaste físico. Dessa forma os e-Sports devem ser encarados com a mesma seriedade que se exige para a prática de qualquer modalidade”, afirma.
Aliada do atleta
A psicóloga Alessandra Dutra, que atua no Comitê Olímpico Brasileiro (COB), considera a Psicologia uma grande aliada do atleta, especialmente no e-Sport. “Trata-se de uma atividade que requer muito das funções cognitivas do jogador. É essencial adequar horário para o sono, descanso, alimentação equilibrada, atividade física e exercícios que estimulem a memória operacional bem como a concentração, atenção e tomada de decisão. A Psicologia auxilia no desenvolvimento de uma rotina dirigida ao equilíbrio de todos esses aspectos”, afirma.
Profissional da equipe RED Canids Kalunga, ela observa que o objetivo do profissional no esporte é obter a melhor performance com menos prejuízo possível da saúde mental e física. No caso do e-Sport, os atletas constituem um público jovem. “Eles têm, em geral, idades entre 15 a 26 anos e estão em pleno desenvolvimento de personalidade. A orientação psicológica é importante no sentido de dar conta das questões existenciais e típicas desta fase de desenvolvimento, com foco na formação ética, moral, educacional e emocional dos ciberatletas”, avalia.
Temas como liderança, motivação, convivência, time, família, namoro e concentração estão presentes no desenvolvimento das atividades diárias dos jogadores, acrescenta Alessandra. “A maioria dos jogadores mora em GHouses (gaming houses) e está fora de casa. Assim o trabalho da Psicologia nesta área vai desde estabelecer técnicas e ferramentas para desenvolver ou fortalecer habilidades mentais e emocionais para as competições bem como auxiliá-los no desenvolvimento de rotinas, condutas, mindset de crescimento. O psicólogo esportivo trabalha com duas grandes bases ao mesmo tempo: a performance e o desenvolvimento integral dos jogadores”, resume.