Análise do documentário A Rede Antissocial: Dos Memes ao Caos, disponível na Netflix

Lançado no dia 5 de abril, o documentário A Rede Antissocial: Dos Memes ao Caos aborda com maestria a evolução da internet, redes sociais e conspirações que saíram delas através da criação de memes e trollagens de jovens que só queriam se divertir, mas que hoje se assustam com o rumo que suas criações levaram.

De memes bobos a teorias da conspiração virais, descubra como um site anônimo começou a espalhar o caos no mundo real no documentário A Rede Antissocial: Dos Memes ao Caos (The Antisocial Network), dirigido por Giorgio Angelini e Arthur Jones.

O documentário começa mostrando como era a internet no final dos anos 90, onde poucas pessoas no mundo tinham acesso à ela e como os jovens reclusos começaram a descobrir que podiam se comunicar através da rede, e mais, criar brincadeiras virtuais e se tornar verdadeiras celebridades online.

Estes jovens tinham gostos em comum como animes, games e cultura oriental, e por isso muitos deles tinham curiosidades sobre o Japão e acabaram descobrindo um fórum que já era famoso por lá, o 2Chan, onde todo mundo podia comentar sobre qualquer assunto e ganhar amigos virtuais. Como uma forma de localizar o site, alguns destes jovens criam o 4Chan, com o intuito de levar esta plataforma para seus amigos nos EUA, e acabaram ficando mais famosos do que o popular japonês.

O 4Chan começou como algo inocente, onde os jovens criaram piadinhas e os primeiros memes, mas logo algumas pessoas mais “insanas” começaram a dominar o site levando muito mais do que humor (leia-se pornografia, radicalismos, preconceitos, etc…). Ao mesmo tempo, um evento chamado Otakon recebia pela primeira vez os criadores do 4Chan, levando o público ao delírio ao conhecerem os caras que fizeram o site para a vida real. O problema é que muitos desses fãs que estavam presentes no evento também eram aqueles “extremistas” e criaram um caos no evento ao fazerem “piadas” sobre Hitler e Nazismo.

Era o começo do extremismo online, e para controlar tudo isso os criadores do 4Chan começaram a banir muitos usuários, o que irritou a comunidade, que para se vingar criaram outros fóruns, sendo um deles o 8Chan, uma cópia barata do site e que servia como “palco” para discursos de ódio e extremismo.

A Rede Antissocial: Dos Memes ao Caos mostra todo este pedaço importante no começo da produção para mostrar como estas brincadeiras ditas bobas podem acabar caindo nas mãos de pessoas insanas que levam não só a sério, como também levam os memes para a vida real, e acabam fazendo muita gente acreditar nisso, como se fosse verdade. O problema disso? É que os memes, trollagens e piadinhas criadas no início do 4Chan começaram a balizar discursos políticos nos EUA, o que realmente gerou o caos no país.

O documentário tem aproximadamente duas horas e nos leva a entender como isso tudo influenciou na política atual, na polarização, nos discursos de ódio, nas manifestações em todos os países e até na criação do Anonymous, grupo hacker que foi criado no início dos anos 2000 com o intuito de mostrar a população os segredos mais sombrios da sociedade.

Apesar de ter algum viés político, principalmente em ano de eleições presidenciais nos EUA, onde os documentário bate firmemente em Donald Trump (como se ele fosse o único responsável pelos discursos de ódio do país), acredito que nada daquilo dito em A Rede Antissocial: Dos Memes ao Caos é mentira, mas podiam mostrar que os ditos “dois lados” tem seus radicais e formaram esta geração de ódio que vemos hoje em dia.

De qualquer forma, A Rede Antissocial: Dos Memes ao Caos é um verdadeiro almanaque da internet, dos memes, da trollagem e de uma época em que os jovens só queriam se divertir online, mas acabaram caindo numa teia muito mais perigosa.

O documentário A Rede Antissocial: Dos Memes ao Caos está disponível no streaming da Netflix. Confira o trailer abaixo: