Análise da minissérie ‘A Vida e a História de Madam C.J. Walker’

 

Estreou há poucos dias na plataforma de streaming da Netflix a minissérie ‘A Vida e a História de Madam C.J. Walker’, que conta a história da primeira mulher que se tornou milionária nos EUA e entrou no Livro dos Recordes. A produção que apesar de ter a incrível atriz Octavia Spencer como Madam Walker, peca nos “clichês modernos” de “empoderamento” para exaltar a personagem principal sem se importar em rebaixar uma outra personagem histórica e bastante relevante para a população negra americana: Annie Malone.

 

Sarah Breedlove, mais tarde conhecida como Madam C.J. Walker, negra, filha de ex-escravos, nasceu em Louisiana, EUA, e ficou órfã aos 7 anos de idade. Casou-se aos 14 anos para fugir dos abusos do cunhado, mas logo também sofreu abusos de seu marido. Foi abandonada pelo marido por ficar careca, resultado da combinação de soda caustica, sujeira e vapor quente que foi exposta durante anos trabalhando como lavadeira. Apesar disto, foi nesta época que conheceu Annie Malone (ou Addie Munroe na minissérie), quem a ajudou a recuperar a autoestima cuidando de seus cabelos com produtos que capilares que fazia. Um começo de uma história de amizade legal não é mesmo? Mas a produção da série teve que estragar tudo, transformando Addie Munroe (Carmen Ejogo) numa vilã….

 

 

Na minissérie, logo após sua autoestima voltar, Sarah deseja fazer uma parceria com Addie para vender seus produtos, mas é esculachada pela mesma. Com isso, Sarah resolve simplesmente roubar a fórmula (SIM! ELA ROUBOU!) de Addie e criar seus produtos com sua marca. Nesta mesma época ela conhece Charles Joseph Walker, seu último marido, que deu seu nome para a empresa da esposa: Madam C.J. Walker.

 

 

Com seu espírito empreendedor, Sarah começa a vender seus produtos (roubados, lembre-se disso!) e logo se destaca na área da beleza, o que deixa Addie furiosa e que tenta durante os quatro episódios da produção acabar com a vida da personagem principal. Apesar disto, Sarah (ou já nesta época já conhecida como Madam C.J. Walker), fica milionária e seus produtos são até hoje vendidos nos EUA.

 

 

A minissérie é bem rasa, com apenas quatro episódios e apesar das boas atuações, especialmente de Octavia Spencer e Carmen Ejogo, deixa a desejar com os que chamo de “clichês modernos”, utilizando-se de cenas fantasiosas no meio de uma história séria, excesso de momentos “empoderados”, uma personagem principal sem empatia com o próximo, priorizando sempre o dinheiro e uma vilã fraca, pois na verdade ela é quem foi roubada. Os produtores quiseram criar de qualquer forma uma personagem boazinha e outra má, e nem ligaram que era pra ser uma biografia e que deviam respeitar mais a história de ambas.

 

 

Esperávamos da minissérie era um foco mais no empreendedorismo da personagem, mostrando as dificuldades empresariais da época, mas mais uma vez a produção deixou a desejar querendo sempre focar que ela era uma mulher negra sofrendo com o sistema e homens machistas. Esta narrativa é real e válida? Sim, mas acredito que não seja só isso não é mesmo?

 

Apesar disto, a série tem pontos positivos, como a atuação (todos estavam incríveis), o figurino, o bom humor de algumas cenas, e o fato de inspirar mulheres a ter autoestima e  independência em tempos de machismo e discriminação, contribuindo para uma mudança de mentalidade.

 

 

Vale ressaltar aqui que na história real, Annie e Sarah trabalharam juntas durante anos. Annie também contribuiu para a sociedade negra e feminina da época tanto quanto Sarah e também se tornou milionária. Fez ações sociais tão importantes quanto Sarah.

 

A minissérie ‘A Vida e a História de Madam C.J. Walker’ tem pontos positivos quanto a inspiração de mulheres (em especial negras) para o empreendedorismo, mas peca tanto em relativizar erros da personagem principal e em acabar com a história de sua antagonista, que acaba sendo um desserviço. Apesar disto, assista, tenha suas próprias conclusões. E como tá todo mundo em quarentena, pode ser uma boa pedida para uma tarde sem fazer nada….

 

‘A Vida e a História de Madam C.J. Walker’ está disponível na plataforma de streaming da Netflix em forma de minissérie em 4 episódios. Confira o trailer abaixo:

 

 

Minissérie A Vida e a História de Madam C.J. Walker - Netflix
Nota Final
8/10
8/10
  • Ideia e Roteiro - 9/10
    9/10
  • Fotografia, Figurinos e Efeitos Visuais - 8/10
    8/10
  • Áudio e Trilha Sonora - 7/10
    7/10
  • Adaptação e Atuação - 8/10
    8/10
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A minissérie ‘A Vida e a História de Madam C.J. Walker’ tem pontos positivos quanto a inspiração de mulheres (em especial negras) para o empreendedorismo, mas peca tanto em relativizar erros da personagem principal e em acabar com a história de sua antagonista, que acaba sendo um desserviço.

 

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Rogério Princiotti

Blogueiro, criador de sites como Omoristas, Burca Day, Guarulhos em Rede, Guarutrolls e Mundo Cosplayer. Trabalha na internet administrando e criando conteúdo para sites e comunidades há mais de 10 anos.