Enquanto o mercado audiovisual global se polariza entre blockbusters e produções orientadas por algoritmos, uma iniciativa brasileira de perfil autoral vem conquistando espaço com uma proposta contra a corrente: unir arte, espiritualidade e curadoria de forma estruturada e profissional. A Lumine, produtora e plataforma de streaming com identidade católica — mas que extrapola os limites do conteúdo estritamente religioso — chega ao sexto ano de operação com mais de 800 horas de conteúdo, 55 produções originais, público pagante em todo o país e uma base digital de mais de meio milhão de seguidores.
Desde sua criação, mais de 220 mil pessoas já assinaram o serviço, que registrou 1,6 milhão de horas assistidas em sua plataforma apenas em 2024. Além disso, diversos conteúdos próprios são disponibilizados gratuitamente no YouTube, onde acumulam milhares de visualizações.
Com sede em Porto Alegre, mas com produções realizadas em diversos estados brasileiros e no exterior, a empresa tem investido em um modelo sustentável de produção audiovisual de nicho. Filmes como Milagre Vivo (2024), que estreou comercialmente nos cinemas brasileiros; a série documental Brasil de Todos os Santos (2024), apresentada por Juliano Cazarré; e o longa O Apóstolo do Brasil: A Missão de São José de Anchieta (2021) demonstram o investimento em narrativas originais nacionais. Já produções como A Via Sacra, Além da Liberdade e os futuros documentários sobre o beato Carlo Acutis e sobre o Cardeal John Henry Newman foram gravadas em locações internacionais, incluindo a Terra Santa, países da Europa e Estados Unidos.
Documentários com estética de cinema
O catálogo reúne uma ampla gama de produções sobre personalidades cristãs — de São Francisco de Assis a João Paulo II — com destaque para os documentários originais, que recebem tratamento visual de cinema e direção artística apurada. Entre os títulos mais recentes estão Ecce Homo, curta-metragem que retrata a Paixão de Cristo gravado em Porto Alegre, e Deus: A Procura, documentário que debate o sentido da vida sob uma perspectiva filosófica e existencial.
“Nosso foco está na qualidade, não em volume. Buscamos criar filmes belos, com histórias bem contadas e capazes de tocar o espectador, despertando reflexão e impacto estético. Para nós, o cinema é uma das formas mais poderosas de expressão artística”, afirma Matheus Bazzo, fundador da Lumine.
Muito além do conteúdo religioso
Embora seja a maior plataforma católica de streaming da América Latina, a Lumine não se restringe ao conteúdo religioso. A curadoria inclui obras-primas de cineastas como Alfred Hitchcock, Andrei Tarkovsky, Ingmar Bergman, Robert Bresson, John Ford, Ida Lupino, entre outros.
No acervo, figuram os clássicos: Cinema Paradiso(1988), de Giuseppe Tornatore; A Felicidade Não se Compra (1946), de Frank Capra; Ladrões de Bicicleta (1948), de Vittorio De Sica; Cidadão Kane (1941), de Orson Welles; e A Canção de Bernadette (1943), de Henry King. Além disso, é possível assistir à Trilogia da Guerra de Roberto Rossellini: Roma, Cidade Aberta (1945), Paisà (1946) e Alemanha Ano Zero (1948).
“Sabemos que é uma combinação incomum: ser uma plataforma católica e, ao mesmo tempo, exibir Akira Kurosawa ou Charlie Chaplin. Mas é justamente esse equilíbrio entre valores e linguagem cinematográfica que buscamos. Qualquer pessoa que abra nosso catálogo vai perceber que há uma preocupação real com a curadoria e com o valor artístico das obras, mesmo quando não tratam diretamente de temas religiosos”, resume Bazzo.
Foco no público familiar e produção nacional
A plataforma também tem investido em conteúdo para o público infantil. A Lumine Kids conta com dezenas de títulos – muitos deles produzidos pelo estúdio de criação da empresa, com roteiro, artes e trilha sonora originais, como Cidade Amarela (2023), Gênesis e a Menina que Queria a Verdade (2024) e O Natal da Família Mingau (2024), que teve a participação da família Cazarré, Juliano e os filhos Vicente e Inácio.
“Nos preocupamos muito com o conteúdo infantil, justamente porque hoje há um excesso de estímulos visuais e sonoros que tornam muitas produções agitadas demais. Por isso, tentamos oferecer uma alternativa mais saudável, cuidadosamente pensada por nossa equipe, com obras que contribuem de forma real para a formação do imaginário e da sensibilidade das crianças. Queremos que as famílias reconheçam a Lumine como um espaço seguro e de qualidade para seus filhos”, explica Arthur Gonçalves, CEO da empresa.
Lançamentos e novidades para 2025
Com a missão de “inspirar os valores católicos e apresentar os dramas humanos através da beleza do cinema”, a Lumine consolida sua identidade como uma síntese entre duas frentes complementares: de um lado, uma produtora com forte apelo estético e narrativo; de outro, uma plataforma de streaming voltada ao público católico e familiar, com curadoria criteriosa e modelo de assinatura independente.
Em 2025, a empresa dá continuidade ao seu compromisso de contar histórias inspiradoras com uma nova leva de produções originais. Estão em andamento filmes sobre Marcelo Câmara, jovem catarinense em processo de canonização; Carlo Acutis, o beato italiano conhecido por evangelizar por meio da internet; Cardeal John Henry Newman, figura central do pensamento cristão moderno; além de um documentário colaborativo sobre as enchentes no Rio Grande do Sul, que busca preservar a memória coletiva da tragédia.
Outra novidade é a criação do Cineclube FAROL (www.farolcineclube.com.br), projeto independente da plataforma de streaming, voltado à discussão e apreciação da sétima arte. Entre os filmes que serão analisados estão O Rei dos Reis (1927), de Cecil B. DeMille; Evangelho segundo São Mateus (1964), de Pier Paolo Pasolini; e A Paixão de Cristo (2004), de Mel Gibson.
A Lumine está disponível para SmartTVs e celulares e tem seu nome inspirado na palavra latina lumen, que significa “luz” — símbolo da sua proposta de oferecer conteúdos que iluminam, inspiram e transformam.