Aranha: Sob a Sombra da Máscara traz o famoso personagem para o Rio com temas locais

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É com admiração pelo personagem e muita curiosidade que o diretor e roteirista Igor Doval assina o curta Aranha: Sob a Sombra da Máscara, que traz o Homem-Aranha, herói das ruas de Nova York, no Rio de Janeiro. Doval, natural da capital carioca, nascido em Campo Grande, zona oeste da cidade, teve a ideia após refletir sobre sua própria realidade e a identificação que sempre teve com o personagem. “Por que não fazer minha própria versão”, pensou o diretor, após se perguntar como o aracnídeo enfrentaria os problemas mundanos que já enfrenta, como contas a pagar, mas inserido na cultura brasileira.

 

Divulgação

 

Ao lado de Doval estão Geovanna Zampenini e Raphael Lion, produtores do projeto. Lion também atua no curta, dando vida ao personagem de Tio Benjamin. Como uma produção independente e colaborativa, Aranha: Sob a Sombra da Máscara mobilizou múltiplos talentos da equipe. Igor Doval, além de assinar o roteiro e a direção, produziu a trilha sonora original, o desenho de som, e conduziu os processos de edição e pós-produção.

 

 

“Procuramos trazer elementos visuais e conceituais para ambientar o novo universo do aracnídeo, trazendo uma estética abrasileirada para o mundo”, conta Doval sobre a ambientação carioca do curta. As filmagens ocorreram entre agosto e dezembro de 2022, todas feitas com sets em diferentes bairros da cidade maravilhosa como Praça Seca, Campo Grande, Santa Teresa e o Centro que foram palco para as cenas.

 

O curta não aproveitou somente ruas históricas e bairros clássicos do subúrbio para construir sua narrativa, aspectos culturais também foram incluídos nessa encarnação inédita do herói. Doval destaca a representação caricata de jornais sensacionalistas populares, vilões com linguajar estereotipado carioca e a diversidade étnica como principais aliados da adaptação. O elenco, em sua maior parte formado por pessoas pretas, é intencional e muito celebrado por Doval.

 

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“Vivemos em um mundo do audiovisual onde ainda há uma resistência para colocar minorias no protagonismo de filmes, séries e novelas. Procuramos quebrar aos poucos esse padrão estético onde o preto costuma ficar em segundo plano”, diz Doval. Will Crispim, que interpreta Pedro Parques, o “Aranha”, foi uma escolha sugerida por Raphael Lion e comemorada por Doval. A experiência do ator com parkour facilitou a produção de cenas que precisavam de acrobacias e saltos.

 

“Como sou apaixonado pelo herói e possuo o uniforme há muito tempo, eu cheguei a cogitar a hipótese”, brinca Doval sobre ele mesmo interpretar Pedro Parques. O diretor reconhece que o filme deve vir na frente da própria vontade, mas não deixou de integrar o elenco como um personagem secundário, Renan, melhor amigo de Pedro.

 

Foto: Julian Zeba

A ligação pessoal de Doval com o projeto também é presente nos temas abordados pelo curta, como o dilema com a bebida de Tio Benjamin (Lion), inspirado por situações familiares que já fizeram parte da família do diretor. “O alcoolismo é um vilão presente em muitos lares no Brasil. É um debate necessário para um tema que não é muito explorado em universos do gênero”, explica Igor sobre o elemento que o marca como indivíduo e artista.

 

O filme participou do circuito internacional de cinema, sendo indicado em seleções oficiais. No Cannes World Film Festival, na França, o curta-metragem ganhou o prêmio de Melhor Direção e foi finalista na categoria Melhor Curta Indie. Já no Rio Webfest de 2023, a produção recebeu nove indicações e ganhou Melhor Ideia Original. O curta também está na seleção oficial do NZ Web Fest 2024, festival de cinema que acontece na Nova Zelândia.

 

“Saber que estamos competindo ao lado de produções de países que têm tradição no cinema, como Estados Unidos e Inglaterra, sermos avaliados por profissionais de Hollywood e ganhar, é muito gratificante”, celebra o diretor.

 

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Sobre os próximos passos do projeto, Doval adianta que o objetivo é produzir um longa-metragem para os cinemas, contando uma nova história a partir de Aranha: Sob a Sombra da Máscara. Dessa vez, a intenção é retratar a história de origem do herói no Rio de Janeiro.

 

 

Enquanto o “Aranha” não volta a escalar prédios históricos da cidade, Doval e equipe trabalham em, pelo menos, três novas ideias originais para o mercado de longa-metragem fora do universo de heróis. “São projetos grandes e ambiciosos, que certamente farão jus ao legado deixado pelo Aranha”, diz.

 

Instagram oficial: https://www.instagram.com/aranhacurta/